É sobejamente difundido e aceite que “a família é considerada a unidade
básica da sociedade”. O Dia Internacional da Família,
que se celebra a 15 de Maio, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas, através da resolução 47/237, de 20 de Setembro de 1993, com a
finalidade de aumentar o grau de consciência e de reflexão sobre os temas que
rodeiam a família, como para fomentar os laços familiares.
Na
verdade, a ONU (Organização das
Nações Unidas) reconhece a importância da família como lugar privilegiado para
a educação infantil, onde as crianças devem encontrar protecção e segurança, e reivindica que o direito à família deve ser preservado e, em alguns países,
conquistado.
Mas a família é muito
mais que uma composição formada por pessoas que compartilham laços sanguíneos,
como pais, avós, tios, primos, sobrinhos, netos, verificando-se uma
transformação inexprimível na sua estrutura devido às mudanças socioculturais,
económicas e religiosas.
O que é perene e
indiscutível é que a vida em família, uma vez que as pessoas necessitam umas
das outras, permite compartilhar momentos de afectividade, proximidade, calor
humano, harmonia, amor, carinho, sentimentos que as pessoas precisam para serem
felizes.
Já Alberto Morávia, no
seu livro O Autómato (1973), observava
tão pertinentemente, em diálogo de marido e mulher: -”És feliz comigo? – Sim,
sou feliz, posso sem dúvida dizer que sou feliz. Deste-me tudo aquilo que eu
desejava: uma família, filhos, uma vida desafogada e segura. Agrada-te que eu
seja feliz contigo? – (O homem respondeu): - Sim, agrada-me.”
Pois bem, neste Dia Internacional da Família,
é impositivo que os pais, especialmente, reflictam sobre os seus conceitos, o
seu papel e posição diante dos filhos e entre eles. A celebração do Dia
Internacional da Família é uma grande oportunidade para que as famílias
demonstrem e pensem como melhorar a relação entre todos.
Na mensagem do Papa Francisco, para o XLIX Dia Mundial das
Comunicações Sociais (17 de Maio de 2015), pode ler-se que “em
família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em
condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e
belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração
da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é
o paradigma de toda a comunicação”. E acrescenta, quase em hino à nobreza da
família, que “a família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que,
partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento
entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o
passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde
diariamente nos encontramos, para construir o futuro”.
Sem dúvida, muitas coincidências entre
pensamentos do antes e do presente, mas sempre em ordem à construção de uma
vida que caminha para a felicidade em servir os demais, com a compreensão e a disponibilidade
sem limites entre os esposos, os filhos, os outros que nos rodeiam, os
ambientes, próximos ou longínquos, que esperam pelo nosso contributo.
Vamos evitar os automatismos de slogans e publicidades, na maioria enganosos,
escolhendo, antes, a ajuda concreta a casos do quotidiano, a crianças que vivem
em submundos de pobreza, a pessoas que não conseguem dar a volta à sua situação
humana, ou social ou matrimonial, mesmo que queiram respirar o ar fresco da
convivência e da vida. Ao menos, que conservemos a atitude optimista de apoiar
e promover os valores familiares, que, no obscuro decidir de instâncias ocultas
ou mesmo políticas, parecem estar a submergir. No entanto, as razões que mantêm
a sobrevivência de tais valores, como a fidelidade, o “para sempre” da decisão
assumida, a afectividade, o amor, virão sempre ao de cima, como à tona da água
vêm sempre os corpos de menor densidade que ela.
fca
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